BELO TEXTO DE LEILA CORDEIRO

A ARTE DE SER ARTISTA
Hoje, quando surge um grande ator ou atriz, independente da idade, se é jovem ou não, a gente consegue distinguir como um oásis de talento em meio a tanta mediocridade que se vê por aí. Ser artista não é só querer ser , precisa ter condições para isso.
Arte não se aprende na escola, pode-se até aprimorar técnicas em cursos, seja em qualquer segmento, mas se já não tiver no sangue aquela veia que pulsa artisticamente no corpo, nem adianta, é melhor desistir e partir pra outra praia.
Ser artista não é só representar papéis, pintar telas com traços perfeitos, cantar com voz afinada, escrever livros com profundidade, a arte envolve principalmente sensibilidade, aquela que está acima de rótulos e aprendizados. Ela está à flor da pele, principalmente num artista de verdade, descerrando véus que, nós mortais, pessoas comuns, não conseguimos enxergar.
Ser artista é ser humilde, saber que todo aquele aparato de luzes, câmera, ação vai acabar um dia. É ter a tranquilidade de brilhar enquanto a luz não se apaga e não estou falando da luz da juventude e sim da própria existência, que pode se apagar por qualquer outro motivo.E quando isso acontecer é preciso muita sabedoria para entender que ser artista é também saber deixar de ser.


Por tudo isso e muito mais que nem dá para descrever, a classe (verdadeiramente) artística tem sempre que ser lembrada e louvada. Ela é o espelho de cada país, de cada cultura e por isso mesmo precisa ser tombada como patrimônio histórico nacional. Ser artista não tem idade, nem sexo, é alguém que nasceu pra isso e pronto. Ninguém fica reparando se é gordo, magro, alto, baixo, louro ou moreno, o artista é o certificado de garantia de qualquer manifestação de arte.
No Brasil temos tantos e tão bons em tantas modalidades que a gente até esquece dos que querem ser e não conseguem. Estes,brilham apenas pelo tempo de um comercial na TV da permanência de uma foto na Internet ou de uma manchete numa coluna de fofoca. Não mais que isso. Ainda bem, pois temos talentos que nos convencem sempre que vale a pena sair de casa para vê-los em seu habitat, seja numa vernissage, numa noite de autógrafos, numa estréia de filme no cinema, numa peça de teatro ou até mesmo numa novela de TV. O que importa é o trabalho dessa gente que respira e transpira a arte de criar e representar.
E toda essa introdução e esse libelo em nome da arte é porque gostaria de dividir com você, leitor, momentos lúdicos de um grande ator americano, Anthony Quinn Em 1964 ele fez o papel de Zorba, o Grego no cinema e deu um show.
Parecia até que ele tinha vivido mesmo na Grécia tamanha a intimidade com a cultura grega que passou na tela. Que nada, Quinn era mexicano do Estado de Chihuahua, mas era artista, então tá explicada a sua capacidade de nos convencer de que tinha até mesmo ancestrais gregos o que , aliás foi cogitado na época.
No video que você vai ver abaixo, Anthony Quinn, dança no filme O Zorba em 1964 aos 49 anos com a maior naturalidade, como se fôsse grego desde pequenininho.




Muito tempo depois, em 1999, Antony Queen já com 84 anos, ao ser homenageado num evento na Grécia, deu uma daquelas demonstrações de arte que citei acima, com aquele jeito que só os artistas tem, procurou esquecer a idade avançada e dar ao público grego o que eles queriam, o respeito e admiração que sempre teve pela cultura do país desde que encarnou O Zorba no cinema. Abraçado aos amigos gregos, não errou o passo, apesar de não ter a mesma agilidade de tantos anos atrás, Antony Quinn, mais uma vez provou que o artista de verdade, o será sempre, mesmo depois que as luzes do palco e do sucesso se apaguem. Dois anos depois , em 2001, Antony Quinn morria aos 86 anos em sua casa nos EUA deixando um legado de mais de cem filmes e a luz de grande ator que continua viva para marejar nossos olhos de lágrimas a cada momento como este em que ele representa seu próprio papel.
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